segunda-feira, 30 de setembro de 2013

LENDARIA:Cometa restaura modelo que ainda hoje é símbolo da empresa

Uma das mais tradicionais empresas de transportes do País comemora 65 anos com história que retrata o sonho do desenvolvimento.


FOTO:MARCOS LISBOA
FONTE:BLOG ÔNIBUS BRASIL

Existem várias histórias que podem resumir o sonho do desenvolvimento do País. Uma delas é da Viação Cometa.

A empresa que completa 65 anos teve como origem o crescimento da cidade de São Paulo.

Ela foi fundada pelo aviador italiano, major Tito Mascioli, cunhado do agrimensor Arthur Brandi, que loteou a região hoje correspondente a parte do bairro do Jabaquara, a partir de 1937.

São Paulo recebia cada vez mais moradores com o crescimento da indústria e das atividades comerciais.

As regiões próximas às fábricas e estações de trens ficavam mais caras para se morar, impossível para muitos trabalhadores. Assim, os loteamentos foram se expandindo para cada vez mais longe.

A região do Jabaquara não tinha uma ligação direta para o centro. Visionário, Tito Mascioli criou a Auto Viação Jabaquara, ligando o loteamento à Praça da Sé, negócio que deu mais retorno que os loteameos..

Mas em 1947, para organizar os transportes na cidade, entrava em operação a recém-criada CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos, empresa pública, que encampou boa parte das linhas da Capital Paulista, inclusive da Auto Viação Jabaquara.

Mas o gosto pelos transportes já tinha dominado o major Tito.

Em 1947, ele comprou a Empresa de Ônibus Auto Viação São Paulo – Santos e no, dia 7 de maio de 1948, inspirado no desenho que a empresa tinha na lataria, mudou o nome da companhia para Viação Cometa.

A história da empresa é grande. Mas a companhia ganhou ainda mais destaque a partir de 1951, com a inauguração da Rodovia Presidente Dutra, quando começou a operar a lucrativa linha Rio – São Paulo, a mais importante ligação rodoviária do País ainda hoje, mesmo com o recente crescimento do setor aéreo.

Para tomar a liderança na linha, a Cometa fez um grande investimento e trouxe os lendários GM PD 4104,os GM Coach. Ônibus acima da média nacional no conforto, design e desempenho.

Mas com o passar do tempo, as políticas de incentivo à indústria instalada no Brasil, ações de importação como a Cometa fez eram quase proibitivas.

O CMA FLECHA AZUL COM A PINTURA ATUAL


Os Coachs eram marcas da Cometa e estas marcas deveriam permanecer.

A empresa então tentou parcerias para criar modelos diferenciados. A Striulli nos anos de 1960 fazia carrocerias sob licença da GM muito parecidas com os Coach.

Nos anos de 1970, a parceria foi entre Ciferal, Scania e Cometa. Modelos como Turbo Jumbo se destacaram.

Mas a marca maior na lembrança de quem pegou as estradas brasileiras foi o modelo Dinossauro, com motor Scania lançado em 1971/1972.

Os modelos remetiam ao design do Coach, mas eram maiores, modernizados e já traziam motores mais potentes e elementos novos de conforto e segurança.

Em 1982, a Ciferal sofreu problemas financeiros e entrou na falência.


Para não descontinuar a produção dos modelos diferenciados, que eram admirados até por quem não viajava de ônibus, em 16 de março de 1983, a Cometa cria a CMA – Companhia Manufatureira Auxiliar, sua própria fábrica de carrocerias, que operou até 2002.

Um ano antes, a Viação Cometa fora adquirida pelo Grupo JCA, detentora de empresas como Macaense, Auto Viação Catarinense, Rápido Ribeirão Preto e Auto Viação 1001.

Com o fim da CMA e a aquisição pelo Grupo JCA, a Cometa não tinha mais modelos exclusivos, algo que segundo o grupo não era mais compensador.

Mas os Dinossauros e posteriormente os Flechas se eternizaram na memória da empresa, que para celebrar os seus 65 anos restaurou uma unidade.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.

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