segunda-feira, 12 de maio de 2014

Dia das Mães para família de jovem sequestrada no Rio será especial

A comemoração pelo Dia das Mães, neste domingo (11) vai ser diferente para a família da jovem Rafaela Lobo, de 17 anos, vítima do sequestro de um ônibus na Avenida Brasil, em Guadalupe, na tarde de sábado (10). Depois de passar mais de duas horas sob a ameaça de uma tesoura, ela contou que ficou muito nervosa e teve medo de morrer.


                                      



FOTO:MARCELO LUCAS /ROBERTO MOREYRA / LUIZ SOUZA / DIVULGAÇÃO
FONTE:G1 RIO
FONTE "FICHA TÉCNICA" BLOG POLÊMICA BUS



Vai ser um dia das mães especial para mim e para minha mãe. É um alívio poder estar com toda a minha família. Estou muito cansada, não dormi direito. Hoje só quero aproveitar o dia em família", disse a jovem ao G1 neste domingo. Rafaela mora com os pais e com a irmã caçula de 7 anos.


Ela contou que em momento algum o sequestrador foi violento com ela. Ao contrário, ele teria dito que não iria machucá-la nem matá-la e que só queria chamar a atenção da família dele e da imprensa, pois estaria passando por um momento muito difícil.

"Em momento algum ele pediu dinheiro. Ele entrou no ônibus, sentou no fundo, me perguntou se o ônibus passava na Avenida Brasil e onde era o ponto final e momentos depois anunciou o sequestro. Não tentou assaltar ninguém. No começo estava muito nervoso, mostrou a tesoura, mas disse que eu ficasse calma que ele não queria me machucar", disse Rafaela.

A jovem foi feita refém dentro de um ônibus da linha 723  (Mariópolis - Cascadura) junto com o motorista, Júlio César Pereira. Ela acredita que tenha sido a pessoa escolhida por estar mais próxima do sequestrador. Os outros passageiros conseguiram descer, depois de o sequestrador pedir para que o motorista atravessasse o ônibus na pista. Depois de duas horas e meia de negociação com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar  Paulo Alberto Ferreira da Silva, de 32 anos, se entregou.

Rafaela e a mãe Denise vão ter um Dia das Mães especial (Foto: Roberto Moreyra/ Agência O Globo)
Rafaela e a mãe Denise vão ter um Dia das Mães
especial
                                           

Segundo Rafaela, ele entrou no ônibus em frente à estação de trem de Deodoro e anunciou o sequestro ao se aproximar do Shopping Guadalupe, em Guadalupe. Ele tinha uma tesoura com a qual ameaçava os reféns e que, segundo a polícia, foi comprada neste sábado, já que a embalagem estava no ônibus. Na 39ª DP (Pavuna), para onde foi levado, foi constatado que ele tem quatro passagens pela polícia - três por roubo e uma por resistência e posse de droga para consumo. O capitão Leitão, do Batalhão de Polícia de Vias Especiais (BPVE), disse que aparentemente o sequestrador estava sob efeito de drogas.

Sequestrador será levado para penitenciária

Na manhã deste domingo, Paulo Alberto foi encaminhado para triagem e depois levado para uma penitenciária em Bangu, na Zona Oeste. Segundo o delegado adjunto Felipe Santoro, da 39ªDP (Pavuna), ele estava desorientado e não deixou claro o motivo do sequestro do coletivo.

"Primeiro ele disse que estava com medo das vítimas dos roubos que já tinha praticado, que se sentia perseguido por elas. Depois ele contou que já tinha tentado o suicídio uma vez e disse que estava desesperado, mas não deixou claro o motivo. Disse que o sequestro era para chamar a atenção da família, da polícia e da imprensa, mas não explicou o objetivo disso tudo", disse Santoro.


O delegado contou que a companheira de Paulo prestou depoimento na noite de sábado. Ela relatou que eles haviam tido um briga normal, de casal, e que Paulo estava fora de casa, dormindo na rua havia cinco dias. Embora visivelmente perturbado, o delegado disse que ele não parecia drogado. A polícia não fez nenhum exame toxicológico no suspeito.

Segundo Santoro, Paulo estava com um mandado de prisão preventiva em aberto, por um roubo praticado em setembro de 2013. Esse mandado foi cumprido com a prisão em flagrante de Paulo. Ele vai responder por sequestro (do motorista), sequestro qualificado (da menor) e ameaça. A pena por esses crimes pode chegar a nove anos de prisão.

O delegado disse que nenhum outro passageiro do ônibus procurou a delegacia. Ele já solicitou as imagens da câmera de segurança do veículo e encaminhou a tesoura para a perícia. O ônibus já foi periciado. O inquérito deve ser enviado à justiça ainda esta semana.

Paulo Alberto Ferreira da Silva (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
A Imagem do sequestrador do ônibus


          
Pai achou que era trote

Durante o sequestro, Rafaela chegou a telefonar cinco vezes para o pai pedindo socorro, avisando o que estava acontecendo, mas em todas ele desligou. Na 39ª DP (Pavuna), para onde os reféns e o sequestrador Paulo Alberto foram levados ao fim do sequestro, o próprio pai de Rafaela, Cosme Luís, confirmou que achou que se tratava de um trote. Somente quando recebeu ligações de amigos é que acreditou que a filha estava em situação perigosa.

Rafaela mora em Anchieta, no Subúrbio, e estava voltando do curso de inglês, em Vila Valqueire, na Zona Oeste, segundo contou o pai. Os reféns não se feriram.

Paulo Alberto, morador do Morro da  Mangueira, na Zona Norte, sequestrou um ônibus e fez a passageira e o motorista reféns na tarde deste sábado. A polícia chegou após ele pedir para o motorista atravessar o ônibus na pista lateral da Avenida Brasil, em Guadalupe, próximo ao shopping, no Subúrbio..
De acordo com a Polícia, 400 agentes, entre policiais militares, do Bope, do BPVE e do Corpo de Bombeiros estiveram no local. O trecho da Avenida Brasil que estava interditado desde às 17h foi liberado por volta das 20h de sábado, segundo o Centro de Operações da Prefeitura.

Homens da equipe de negociação do Bope conversaram com o sequestrador pela janela do ônibus.  Às 18h50, segundo a polícia, 28 agentes estavam no local acompanhando a negociação. Por conta da faixa interditada, o engarrafamento chegou a Irajá.






                       A Avenida Brasil fechada para o trânsito com o ônius parado (Foto: Luiz Souza)


Ônibus 174

No dia 12 de junho de 2000, às 14h20, Sandro do Nascimento, entrou no ônibus 174, armado. A polícia logo cercou o ônibus na Rua Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio. Sandro manteve dez reféns dentro do ônibus. Atirou contra policiais, exigiu armas e um motorista para fugir.

O sequestrador simulou matar uma estudante. Apontou a arma para uma passageira durante duas horas e fazia ameaças : "Delegado, já morreu uma, vai morrer outra".

Depois de quatro horas e meia de tensão, Sandro do Nascimento desceu do ônibus, usando como escudo uma passageira, a professora Geisa Gonçalves. Um soldado atirou. O sequestrador reagiu.
                      




                             



Os tiros atingiram apenas a professora, que morreu. Dominado por policiais, Sandro do Nascimento foi levado para um carro da PM. Chegou morto ao hospital. Segundo a perícia, ele foi asfixiado. Em 2002, três PMs foram absolvidos da acusação de matar o sequestrador.

A tragédia do 174 virou documentário e teve repercussão internacional. O filme lembrava que Sandro do Nascimento tinha sobrevivido à chacina da Candelária. Na chacina, no dia 23 de julho de 1993, 8 menores de rua foram assassinados.  Seis policiais militares foram julgados pelas mortes. Três foram condenados e três, absolvidos. O ônibus 174 fazia a linha Gávea-Central, e tinha saído do ponto final, próximo à Favela da Rocinha.

Confiram em detalhes a ficha técnica do ônibus onde ocorreu o sequestro....

FICHA TÉCNICA:




Empresa:Viação Novacap
Consorcio:Transcarioca
Prefixo:C51582
Carroceria:Caio Foz Super
Chassi:Mercedes Benz - OF 1418
Linha:723 - Cascadura/Mariopolis



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