segunda-feira, 28 de abril de 2014

Cursino, Jardim da Saúde e os portugueses – o que há de comum?

Empresa de ônibus circulou por uma região que era de terra batida e hoje é uma das áreas mais urbanizadas de São Paulo.


FOTO:AUTOMÓVEIS EM GERAL / VALDEMAR FREITAS JUNIOR
FONTE:BLOG ÔNIBUS BRASIL


Quando algum paulistano mais antigo se refere à região do Jardim da Saúde, Cursino e Vila Moraes, na zona Sudeste de São Paulo, com certeza vai ter recordações boas de uma São Paulo mais simples, de uma região calma, mas que não poderia escapar do crescimento urbano e econômico.

O jardim da Saúde começou a ser formado em 1921, quando São Paulo dava ares de se tornar metrópole. Foram unidas duas glebas de terra, de cerca de 700 mil metros quadrados cada. A primeira ficava onde é hoje a Avenida Bosque da Saúde e pertencia a Oscar Rodrigues e Horácio de Melo. A segunda gleba foi comprada em 1938 por Paulo de Almeida Barbosa, Diogo de Toledo Lara e Antônio Toledo Lara Filho.
O planejamento para a transformação das terras em bairro teve como base desenhos da Companhia City sendo idealizados pelo arquiteto e urbanista Jorge Macedo Vieira.

Para os padrões da época, a região teve um crescimento rápido graças ao transporte que facilitava o acesso ao centro. A primeira linha de bondes foi em 1925. De acordo com o Portal do Ipiranga, a linha 30 saia do início da Av. Bosque da Saúde com a Av. Jabaquara, em uma antiga parada chamada Primeira Sessão, hoje Praça da Árvore, vindo até o famoso “ponto final do bonde”, entre as ruas Tiquatira e Jussara. Era uma das opções para entrar no bairro.



Uma das principais vias da região anos depois dos loteamentos foi a Avenida do Cursino. Até os anos de 1940, se chamava Rua Diogo Welshe. A via era a prova do contraste de São Paulo na época. De terra batida, começou a receber veículos automotores, mais ainda era comum o tráfego de carros de bois, além de carneiros e cavalos. Ficou depois conhecida como Estrada do Cursino porque era um dos principais acessos ao sítio do Capitão André Cursino.

Entre os anos de 1950 e 1960, com o crescimento da industrialização em São Paulo, a região foi considerada de localização privilegiada. Não ficava muito distante do centro e era de fácil acesso à região correspondente ao ABC Paulista, que recebia boa parte das montadoras de veículos.
Com este crescimento populacional, era necessária uma maior oferta de transportes.
Já se destacava a comunidade portuguesa no setor.

De acordo com a Junta Comercial do Estado de São Paulo, em 27 de janeiro de 1961 era constituída a Viação Bristol Ltda, sem dúvida umas das mais tradicionais empresas de ônibus da cidade de São Paulo.
Entre ruas de terra, paralelepípedo e asfalto, pelas janelas dos ônibus da Bristol era possível ver com o tempo o alargamento de ruas, de avenidas, a criação de mais loteamentos, o aumento da população e das atividades econômicas da região, que não deixou de ser predominantemente residencial, tendo até hoje áreas verdes. A Avenida do Cursino era uma das rotas da empresa que fez parte da reorganização do sistema de transportes em 1978 promovida na gestão de Olavo Setúbal. As pinturas forma “padronizadas” no sistema saia e blusa, pelo qual qual a saia – parte interior da carroceria na altura das rodas indicava a região servida. A cidade passou por uma nova divisão de linhas e lotes. A Bristol era o lote 17.

Sua constituição Societária mostrava a presença forte dos portugueses nos transportes em São Paulo, em especial de José Ruas Vaz até hoje o maior empresário da cidade que detém mais de 50% do sistema: José Ruas Vaz (português), Antônio Simões Fonseca (português), Armando Alexandre Videira (português), Armelin Ruas Figueiredo (português), Carlos Abreu (brasileiro), Francisco Parente dos Santos (português), Francisco Pinto (português) , Joaquim Antônio do Val (brasileiro), José de Abreu (brasileiro), Manuel Bernardino de Almeida (português), Marcelino Antônio da Silva (português).

Em 20 de julho de 2001 era constituída a Via Sul Transportes Urbanos, com a união de algumas empresas do Grupo Ruas: Auto Viação Taboão Ltda – lote 16, Viação Tânia de Transporte Ltda – lote 31 e Viação Bristol Ltda – lote 16.


O grupo se preparava para a licitação de 2003 que dividiu a cidade em oito áreas operacionais. A viação atende a área 5 sudeste Verde Escuro, também prestando serviços em alguns bairros das zonas Sul e Leste, com 84 linhas.


O grupo se preparava para a licitação de 2003 que dividiu a cidade em oito áreas operacionais. A viação atende a área 5 sudeste Verde Escuro, também prestando serviços em alguns bairros das zonas Sul e Leste, com 84 linhas.

O grupo Ruas, que também é dono da encarroçadora CAIO, pretende continuar sendo o maior da cidade e se prepara para a nova licitação que deveria ser realizada no ano passado, mas depois da série de protestos sobre os transportes, a Prefeitura recuou. Foi contratada uma empresa para realizar auditoria nos custos do sistema e a licitação só deve ser finalizada em 2015. A constituição empresarial da cidade deve mudar pouco.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Um comentário:

  1. Deveria Pertencer ao Consórcio Via Sul a Transkuba e Não a Viação Tânia Transportes

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