Amanda Santana Silva, de 19 anos, está há um mês e meio de cama.
Em 2013, o Rio teve 316 acidentes de ônibus com vítimas.
FOTO:Sergio Moraes/Reuters
No dia 10 de abril, um ônibus da linha 685 (Méier-Irajá) perdeu o controle e colidiu com um posto de gasolina na rua Clarimundo de Melo, perto da igreja de São Jorge, em Quintino Bocaiúva, no Subúrbio. Quatro pessoas foram atropeladas. A empregada doméstica Tatiana Ferreira Lúcio, de 28 anos, atropelada com dois filhos, morreu no dia 14 e foi enterrada no dia 16.
Dois filhos da vítima — um de 3 anos e outro de 6 meses —, além de uma outra mulher, identificada como Ana Paula Pinto, chegaram a ser hospitalizados. De acordo com o delegado Geovan Omena, da 28ª DP (Campinho), o motorista Hilderaldo Nascimento, que dirigia o ônibus, inicialmente foi indiciado por lesão corporal grave e homicídio doloso, mas após análise da perícia, ele vai responder por lesão corporal culposa e homicídio culposo.
As investigações ainda estão em andamento, e o delegado aguarda o resultado do laudo de alcoolemia do motorista. Ainda segundo Omena, o laudo mostra que o ônibus estava a uma velocidade menor do que 40 Km/h.
Irmã de vítima questiona laudo
“Estamos sabendo que o cara não vai ficar em cana. Como é que menos de 40 km/h mata uma pessoa? Não é possível matar ninguém nesta velocidade. Como ele conseguiu fazer aquilo com a minha irmã? A gente quer ele [o motorista] preso de qualquer maneira. Ele acabou com uma família. A gente não quer dinheiro, a gente só quer que a lei seja cumprida. Prestar serviço comunitário depois de ter matado alguém é um absurdo”.
Na época do acidente a Viação Rubanil informou, através de uma nota, que estava fazendo o acompanhamento e dando assistência às vítimas. No entanto, de acordo com Fabiana, a empresa não ajudou a família em nenhum momento. “Eles ofereceram R$ 2 mil para a gente calar a boca, mas a gente não aceitou”, disse a irmã da vítima.
Ações no trânsito
Para a relações públicas da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), Suzy Balloussier, o motorista da linha 328, André Luiz Silva Oliveira, poderia ter parado o carro quando a discussão com Rodrigo dos Santos Freire foi iniciada. Mas ela alerta para a conduta do usuário do veículo. “Ele não teve uma postura de quem está utilizando um serviço público ao agredir o motorista. Isso reflete a falta de educação da sociedade. Por outro lado, aquele guard rail do viaduto era adequado apenas para pedestres, o que mostra a falha na estrutura viária. Se ele fosse adequado, o ônibus não teria despencado e o número de mortes poderia ter sido menor”.
Suzy Balloussier reforça que o trânsito depende de três fatores: fiscalização, educação e engenharia viária. Segundo ela, a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para os programas de redução de acidentes é que atuem nestes três eixos. “Nós [Fetranspor] só podemos agir no treinamento”.
Quanto aos motoristas que operam em dupla função [dirigem e dão o troco ao passageiro], a relações públicas da Fetranspor classifica como algo comum. “A experiência internacional prova que não há problema. Na Alemanha, na Inglaterra e em diversos países do mundo não existe a figura do cobrador. Além disso, os profissionais são orientados a só dar partida após concluir a operação de embarque e de troco”.
Ônibus colide com posto abandonado em Quintino
FOTO:Reprodução / TV Globo
“Vale lembrar que a Fetranspor está treinando só o profissional e não o cidadão integralmente. Será que no seu dia a dia este motorista é um bom pedestre, um bom ciclista, um bom passageiro? Se a pessoa não tiver uma conduta de cidadão, não adiante. O pedestre que atravessa fora da faixa certamente será um mau motorista”, conclui.
FONTE:G1 Rio de Janeiro
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